LISBOA, 11 Ago (Reuters) - O português Rui Pinto, que se acredita ser o responsável pelo Football Leaks, foi libertado do regime de prisão domiciliária e está agora sob protecção de testemunhas enquanto aguarda julgamento por tentativa de extorsão e outros crimes, informou a polícia na noite de segunda-feira.
Os procuradores dizem que Pinto, 31, criou o Football Leaks - uma colecção de 70 milhões de documentos que expôs as negociações dos clubes de futebol europeus, incluindo taxas de transferência, contratos e informações relacionadas com as agências de jogadores.
Os seus advogados descreveram-no como um 'whistleblower' que agiu no interesse público.
Pinto foi detido na Hungria em Janeiro do ano passado sob um mandado de detenção europeu emitido pelas autoridades portuguesas. Daí foi então extraditado para o seu país de origem.
Os procuradores portugueses apresentaram várias acusações contra Pinto, principalmente relacionadas com alegações de acesso não autorizado a dados, tentativa de extorsão e violação de correspondência. 'hacker' estava em prisão preventiva em Lisboa desde Março de 2019, antes de transitar para prisão domiciliária em Abril deste ano. Pinto foi libertado no fim de semana.
A agência de investigação criminal portuguesa (Polícia Judiciária) afirmou em comunicado que Pinto está agora no programa de protecção de testemunhas e que a PJ "reserva-se no direito e no dever de utilizar todos os meios legais ao seu dispor, para a descoberta da verdade material dos crimes que investiga".
De acordo com a legislação portuguesa, podem ser aplicadas medidas especiais de protecção às testemunhas em caso de perigo de vida, saúde, liberdade ou bens.
O julgamento de Pinto está programado começar no próximo mês.
No início deste ano, Pinto também se responsabilizou pela divulgação de centenas de milhares de arquivos sobre supostos esquemas financeiros usados pela bilionária Isabel dos Santos para construir o seu vasto império empresarial. A empresária angolana negou repetidamente qualquer irregularidade.
Texto original em inglês: (Reportagem de Catarina Demony; Traduzido para português por Maria Gonçalves; Editado em português por Catarina Demony)